COLÉGIO
ESTADUAL FLORESTAL
professor:
Silvio LPLB Data: _____/_____/______
Aluno:
__________________________________ SÉRIE /TURMA: _2º Ano_________
Área
do Conhecimento:
LINGUAGENS
|
|
Semana: 08 a 12
de junho de 2020
|
Língua Portuguesa
|
Atividade
|
- Leia o texto “Chame um
sociólogo”, de Célia Tolentino, transcrito nas próximas paginas.
- Em seguida, utilize o seu caderno para responder às questões abaixo:
1) Indique o(s) provável(eis) objetivo(s) do texto “Chame um sociólogo”.
2) Defina o provável público-alvo do texto e justifique sua definição.
3) Evidencie a principal tese defendida pela autora do texto.
4) Apresente dois argumentos usados pela autora para a defesa da tese.
|
5) (UFBA, 2008) Indique (V)
verdadeiro ou (F) falso.
Fundamentam-se
na opinião da autora as seguintes proposições:
( )
É legítimo identificar o povo brasileiro com personagens que vivem uma rotina
desinteressante e medíocre.
( ) Zé Povo e Jeca
tatu são idealizações sentimentais do mundo rural, pintados como personagens
representativos de uma determinada época, inconsistentes no presente.
( ) Faz parte da
cultura brasileira a noção de povo como um segmento social marcado por
comportamentos estigmatizados pelos grupos dominantes.
( ) O personagem
criado por Monteiro Lobato é apresentado por ele como o paradigma do povo
brasileiro.
( ) A ideia de que
o povo brasileiro, numa visão hegemônica, se confunde com o caipira,
despreparado para a rotina do trabalho organizado é questionada.
( ) A sociedade brasileira é configurada por um universo social
dualista que não se identifica com a totalidade da população brasileira e
exime-se de responsabilidade social.
6) Marque as proposições verdadeiras.
( )
A expressão “entidade enigmática” (l. 02) acentua a natureza difusa da noção
de povo.
( )A
expressão “do nosso atraso histórico, do abandono, da falta de educação e de
informação” (l. 05) modifica o substantivo “vítima” (l. 05).
( ) A
afirmação “O povo é o outro e nunca nós mesmos.” (l. 06 -07) introduz um novo
ponto de vista a ser discutido pela autora.
( )
A qualificação “generosa” (l. 28), aplicada ao que a crítica falou sobre o
filme Jeca Tatu, conota ironia.
( )
O pronome “tal”, presente no fragmento “o de enxerga-se como tal” (l. 43),
aplica-se à expressão “sociedade brasileira” (l. 42-43).
|
|
Onde encontro o conteúdo
|
Se tiver acesso à internet, clique em: https://www.youtube.com/watch?v=_PJM0YJGWdo&disable_polymer=true
Se não tiver internet, consulte seu livro didático de 2ª série e
busque a tipologia textual “Argumentação”, que se caracteriza por apresentar
um ponto de vista e os argumentos que lhe dão sustentação.
|
Objetivo
|
- Explicitar as diferenças entre um texto dissertativo
e argumentativo.
|
2ª atividade
|
Continue avançando nesse tema, continue realizando as atividades
abaixo.
|
COUTINHO, Laerte. Você está
cercado de ignorantes. Disponível em: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/voce-esta-cercado-de-ignorantes-por-laerte-
coutinho/
|
|
|
Observando a
charge acima, de Laerte, responda às questões:
1) O verbo da segunda frase, dentro do contexto em que se insere, indica
a) pedido, o que aparece representado através de uma linguagem
imperativa.
b) conselho, o que sugere preocupação com o destino do leitor crítico.
c) ordem, o que aparece representado de forma acusativa, como se o leitor cometesse um delito.
d) pedido, o que representa desejo de que o leitor não discrimine os
alienados.
e) ordem, o que indica preocupação em proteger a população dos efeitos da leitura.
2) Explique a expressão “com as mãos para cima”, no contexto do texto I.
|
Retorno
da atividade
|
Deixe um
comentário na postagem desta atividade, observando se houve dificuldade e
registrando sua presença e participação.
|

CHAME UM SOCIÓLOGO
Célia Tolentino
De tempos em tempos precisamos repensar sobre esta questão: quem é o povo brasileiro, essa entidade enigmática? Principalmente em um ano eleitoral importante como este, em que de um lado estão aqueles que veem os problemas do Brasil, não somente de caráter político, como um resultado da falta de capacidade crítica do povo brasileiro e de outro, aqueles que acreditam que a população é sempre a vítima do nosso atraso histórico, do abandono, da falta de educação e de informação.
A ideia de que o brasileiro é sempre um sujeito diferente
daquele que fala é antiga no Brasil. O povo é o outro e nunca nós
mesmos. E esse povo, que é o outro, é sempre o ignorante, o inculto, o amarfanhado, o pobre, o analfabeto, o distante. Em 1907, a revista Fon Fon! trazia em um de seus exemplares uma
caricatura chamada de Zé Povo. Tal como viríamos a usar esta expressão até
hoje, o Zé Povo (ou Zé Povinho) era o sujeito mal vestido, magro e
desengonçado. Contra ele estava o mundo da política ou o dos grã-finos. A caricatura da Fon
Fon! fazia uma crítica mordaz, sugerindo que, enquanto os políticos e os
elegantes (que acabavam sendo da mesma elite) se divertiam, o Zé Povo pagava as
contas, trabalhava nas repartições públicas e sofria com sua vidinha
modorrenta. […]
O mesmo acontece anos mais
tarde quando, em 1914, Monteiro Lobato chamou o homem pobre rural de Jeca Tatu.
Segundo o escritor, Jeca era o protótipo do povo brasileiro que, acocorado
sobre os calcanhares, seria incapaz de se levantar para encarar o trabalho
disciplinado e a modernização do País. As duas coisas ficariam a cargo dos
imigrantes europeus que estavam ocupando os melhores postos de trabalho e
forjando o progresso.
Nos anos 30, a discussão volta ao cenário,
e a grande preocupação é com o caráter da nação
brasileira. Artistas, escritores, sociólogos buscam uma definição, e as manifestações culturais populares são recolhidas para fazer parte da música,
da dança, da literatura. O povo brasileiro passa a ser ingrediente fundamental
na constituição da nação, e Getúlio Vargas, inaugurando o chamado populismo,
fala em nome do povo e se define como o pai dos pobres, isto é, do povo, para o
povo. Mas quem era ele? O índio, o nordestino, o nortista, o negro, o pobre, o
caboclo, o operário, o homem rural?
Ao governo populista não interessava
o trabalhador organizado, mas “este povo” em abstrato, sujeito crente e
passivo, protegido e reprimido pelo Estado. A discussão volta com força nos
anos 50 e, em plena era
desenvolvimentista, quando o Brasil começa o processo de industrialização e
urbanização mais agressivo, o JecaTatu é retomado pelo cinema e Mazzaropi faz muito sucesso.
A crítica, generosa, escrevia que Mazzaropi
levava o verdadeiro povo brasileiro às telas. Mas,
podemos perguntar outra vez: quem se identifica com o Jeca Tatu de Mazzaropi?
Provavelmente ninguém deseja tal identidade para si. Portanto, o que podemos
dizer, a partir destes poucos exemplos, é que a identidade nacional ou a
condição de povo brasileiro é sempre atribuída a um sujeito que não somos nós.
Deste modo, reaparece sempre a ideia de que de um lado existe uma elite
esclarecida, proprietária, bem nascida, educada e cosmopolita, cidadã
do mundo e capaz de votar bem, é claro.
E de outro, o povo, o Zé Povo, o inculto,
o pobre, o sem eira nem beira,
o brasileiro. Quem seria ele? Ora índio, ora o caboclo, ora
o mulato, ora o cangaceiro, ora o Jeca, ora o favelado, ora o analfabeto, ora os descamisados. Mas o fato é que o povo é sempre o outro (não sou eu, aquele que fala), e
este outro é quase sempre pintado como alguém cuja ignorância o faz objeto de
riso, de pena, de rejeição, eleitor sem consciência.
TOLENTINO, Célia.
Chame um sociólogo. Sociologia: Ciência & Vida, São Paulo: Escala,
ano 1, n.3, 2007. p. 70-71
Nenhum comentário:
Postar um comentário