terça-feira, 28 de julho de 2020

LPLB-SILVIO- 3ºANO MATUTINO









Área do Conhecimento: LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Disciplina: LÍNGUA PORTUGUESA
SEMANA DE 27 A 31 DE JULHO DE 2020
Atividade:
 
I. Leia atentamente o texto:  A PRESENÇA DO NEGRO NA LITERATURA

     Na Literatura, a presença do negro não aconteceu de forma diferente àquela representada na sociedade colonial, pois como já se disse anteriormente, a Literatura reflete também o momento histórico e, estudar as personagens literárias, é um excelente meio de se conhecer a sociedade. A Literatura, primeiramente, glorificou o índio como herói nacional. Ao negro não lhe coube esse papel, pois como escravo, humilde, submisso ao senhor, representante da força de trabalho, não poderia, de forma alguma, ser um modelo de herói.
“A presença do negro na Literatura Brasileira não escapa ao tratamento marginalizador que, desde as instâncias fundadoras, marca a etnia no processo de construção de nossa sociedade”

Vejamos então, o estereótipo do negro em alguns trechos escolhidos de nossa literatura.

à Em “Escrava Isaura”, de Bernardo Guimarães.
Nessa obra, a heroína precisou ser branqueada para ter a aceitação do público leitor branco brasileiro. Observe no capítulo I, como ela é descrita:
“...A tez é como o marfim do teclado, alva que não deslumbra...embaçada por uma nuança delicada que não sabereis dizer se é leve palidez ou cor-de-rosa desmaiada” (p. 10). E, mais adiante, temos: “És formosa e tens uma cor linda que ninguém dirá que gira em tuas veias uma só gota de sangue africano” (p. 12).

Noutra passagem:
“- Mas, senhora, apesar de tudo isso que sou eu mais do que uma simples escrava? Essa educação, que me deram e essa beleza que tanto me gabam, de que me servem?... São trastes de luxo colocados na senzala do africano. A senzala nem por isso deixa de ser o que é: uma senzala.
- Queixas-te de tua sorte, Isaura?
- Eu não, senhora, não tenho motivo... o que quero dizer com isto é que, apesar de todos esses dotes e vantagens, que me atribuem, sei conhecer o meu lugar” (p. 13).

Observa-se nesses trechos a preocupação do autor em modificar ideias preconcebidas da maldade preta para a bondade branca. A escrava passa a ser branca, portanto, virtuosa, bonita, de espírito nobre, heroica, contrapondo-se ao estereótipo do negro de índole má. No último excerto de Escrava Isaura, a nobreza de caráter da personagem, percebe-se, nitidamente, com a aceitação da situação de submissão, ela sabe “o seu lugar”.

à Em “O Cortiço” de Aluísio Azevedo.
Nessa obra, a personagem Rita Baiana é totalmente dominada por uma sensualidade quase que animal e, por essa sua atitude, será a responsável pela degradação de Jerônimo - imigrante português, honesto, trabalhador e que, a partir do encontro com Rita, se torna um brasileiro inútil e cheio de vícios. É o negro ou o mestiço de negro erotizado, sensual, transformado em objeto sexual.
“Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão de gozo carnal, num requebrado luxurioso que a punha ofegante”. (p. 72-73).

à Em “Os Escravos”, de Castro Alves.
O poeta Castro Alves, considerado “poeta dos escravos” não ficou imune aos estereótipos. Observa-se nos seus versos outra dimensão estereotipada: a do negro vítima. O escravo, assim visto, se transforma em motivo de luta pela liberdade e também da causa abolicionista. Vejamos um de seus textos, “O Navio Negreiro”, em que o poeta aborda o tema do sofrimento dos negros. Mostra, portanto, a desumanidade que caracterizava o tráfico de escravos.
Era um sonho dantesco!... o tombadilho,
Que das luzes avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças... mas nuas, espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs. (...)
Embora tenha também uma visão estereotipada do negro, não há como negar a importância de Castro Alves na denúncia sobre a situação aviltante vivida pelo negro. “É ele quem assume, na Literatura Brasileira, o brado de revolta contra a escravidão, abre espaços para a problemática do negro escravo.” (PROENÇA FILHO, 2004, p. 4).
Foi também Castro Alves quem primeiro representou o negro em sua dignidade, quando o negro ama, em “Cachoeira de Paulo Afonso”. Procure ler, na íntegra, o poema apresentado. Observe que nele é descrito todo o sofrimento dos negros confinados em um navio, durante a travessia no oceano. Mostra também quem se beneficia com essa situação desumana e conclama para que se tome uma atitude contra tal situação. “A prevalência da visão estereotipada permanece dominante, na Literatura Brasileira Contemporânea, pelo menos até os anos de 1960, quando começam a surgir textos compromissados com a real situação da etnia”. (PROENÇA FILHO, 2004, p.5)

Agora é hora de usar seu caderno ou bloco de notas para escrever suas impressões acerca da importância do negro na Literatura brasileira, escrevendo um pequeno texto sobre a situação do negro no Brasil.
Sugestões de vídeos: “Heróis de Todo Mundo” - CAROLINA MARIA DE JESUS, por Ruth de Souza Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=V3h1djC05NM.
Onde encontro o conteúdo Texto: “A presença do negro na literatura”. Disponível em: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/777-2.pdf.
Objetivo: Reconhecer a importância dos negros e dos autores negros na literatura brasileira.
Retorno da Atividade: Deixe um comentário na postagem desta atividade, observando se houve dificuldade e registrando sua presença e participação.
Sugestão de filme:Sinopse do filme: Cida, uma mulher negra de quarenta anos, vai trabalhar para Maria, uma velha de oitenta anos, viúva e sem filhos, que é extremamente racista. A relação entre as duas mulheres começa tumultuada, com Maria tripudiando em cima de Cida por ela ser negra. Cida atura a tudo em silêncio, por precisar do dinheiro, até que decide se vingar através de um jogo de xadrez.
Disponível em: http://portacurtas.org.br/filme/?name=o_xadrez_das_cores. Acesso em: 15 jun. 2020. Filme disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=IbrY4p-nrdk.
→Reflita acerca das estratégias do “silenciamento” brasileiro em relação à afirmação da existência do racismo no Brasil, através da construção do mito da democracia racial, contextualizando, historicamente seu surgimento

Um comentário:

Olá!

Olá! Sou  Ana Paula, professora de Inglês, e atualmente faço parte da Direção do Colégio Estadual Florestal em Nova Canaã. Venho por ...